Em analogia aos aventureiros do romantismo que realizavam as Grand Tour, nas quais eram coleccionados os albums de gravuras como reflexo da sua ânsia do conhecimento e gosto pelo clássico, Pedro Tudela colecionou objectos de diferentes proveniências, no decorrer da sua residência artística, na Primavera de 2019 na Sicília. As obras apresentadas na exposição GT_S no Ex Convento del Ritiro, em Siracusa, tiveram por base esses objectos – uma barra de ferro, uma pedra vulcânica e um par de cordas. Na apresentação na KUBIKGALLERY, no Porto, são reunidas algumas das imagens realizadas por Pedro Tudela no seu período de residência, que revelam alguns aspectos da sua investigação e roteiro pela ilha. Imagens telúricas do Etna, as vivências de Ortígia na qual são aparentes as diferentes civilizações que aculturaram este porto de mar, o solo lunar que circunda um farol no Capo Murro di Porco, local primeiro avistado pelos refugiados que atravessam o mar mediterrâneo.
Assim, esta exposição é compreendida como um lastro de GT_S na qual será também apresentado uma obra sonora resultante das capturas de som realizadas numa gruta artificial nomeada de Orecchio di Dionisio, por Caravaggio quando a visitou na primeira década do séc. XVII.
Esta residência e exposição só foi possível concretizar com o apoio da MADE Program Accademia di Belle Arti Rosario Gagliardi Siracusa, Città di Siracusa e da KUBIKGALLERY, financiado pela DGArtes – Direcção Geral das Artes, Governo de Portugal, Direcção Regional da Cultura Norte, Fundação Calouste Gulbenkian, Câmara Municipal do Porto.
Pedro Tudela (1962, Viseu, Portugal)
Concluiu o Curso de Pintura da Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP) em 1987. Professor Auxiliar da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP). Enquanto aluno da ESBAP, foi cofundador do Grupo Missionário: organizou exposições nacionais e internacionais de pintura, arte postal e performance. Participa em vários festivais de performance desde 1982. Foi autor e apresentador dos programas de rádio escolhe um dedo e atmosfera reduzida na xfm, entre 1995 e 1996. Em 1992, por ocasião da exposição “Mute … life”, funda o coletivo multimédia Mute Life dept. [MLd]. Enveredou pela produção sonora em 1992, participando em concertos, performances e edições discográficas, em Portugal e no estrangeiro. Cofundador e um dos elementos do projeto multidisciplinar e de música digital @c. Membro fundador da media label Crónica. Trabalha em cenografia desde 2003. Expõe individualmente com regularidade desde 1981. Participa em inúmeras exposições coletivas em Portugal e no estrangeiro desde o início da década de 80. Encontra-se representado em museus, coleções públicas e particulares. Vive e trabalha no Porto.